ESG

NO ESG NÃO EXISTE O “S” SEM O “G”

O termo ESG (sigla para Environmental, Social and Governance, em inglês, ou ASG – Ambiental, Social e Governança, na tradução para o português) vem ganhando cada dia mais força nas pautas das reuniões de conselho e diretoria, nas redes sociais e no mercado financeiro.  Claramente o tema tem um papel fundamental de distinguir favoravelmente as empresas que estão fazendo contribuições positivas para a sociedade, com a premissa de tratar as questões ambientais e sociais como elementos centrais do seu posicionamento estratégico.

Como uma agenda ESG eficaz é aquela que está alinhada e incorporada à estratégia de longo prazo da empresa, não há como existir um foco em apenas uma das letras sem considerar as outras do acrônimo. Porém, pensando que a letra E de Environmenal tem sido largamente debatida, inclusive em grandes fóruns mundiais como a COP 27, pois sempre foi um dos focos principais da sustentabilidade, o objetivo aqui e tratar do S (social) e G (governança) e como ambas as letras não podem ser tratadas e trabalhadas isoladamente.

As redes sociais têm tido um papel fundamental na disseminação e aumento da importância do tema. Segundo artigo da Law Harvard school

“A agenda ESG também é influenciada pela opinião pública. As questões ESG são inerentemente reputacionais, especialmente devido a eventos sociais recentes. À medida que mais empresas fornecem divulgações e compromissos ESG, e dada a velocidade das respostas nas mídias sociais, as observações sobre as ações ou inações ESG de uma empresa são frequentemente publicadas e às vezes se tornam virais. As empresas que estão em descompasso com a opinião pública e as demandas do mercado podem enfrentar consequências punitivas para a sua reputação”.

Outra consequência pode ser financeira. O tema tem se tornado muito relevante no mercado financeiro, ou seja, há um aumento do investimento em ações de empresas que prezam pelo ESG. Segundo a CNBC, em 2019 os fundos ESG na Europa atraíram entradas recordes de US$ 132 bilhões e nos EUA dispararam quatro vezes a mais que o ano anterior, totalizando US$ 20,6 bilhões. Em sua carta “Dear CEO” o CEO e presidente do conselho da BlackRock, Larry Fink alertou:

“A sociedade está exigindo que as empresas, tanto públicas quanto privadas, sirvam a um propósito social. Para prosperar ao longo do tempo, toda empresa deve não apenas apresentar desempenho financeiro, mas também mostrar como contribui positivamente para a sociedade. As empresas devem beneficiar todos os seus stakeholders, incluindo acionistas, funcionários, clientes e as comunidades em que operam”.

Segundo o Fórum de Governança Corporativa da Harvard Law School, o “S” do social abrange normas trabalhistas, salários e benefícios, diversidade no local de trabalho e no conselho, justiça racial, equidade salarial, direitos humanos, gestão de talentos, relações com a comunidade, privacidade e proteção de dados, saúde e segurança, gestão da cadeia de suprimentos e outros capitais humanos e justiça social. Já o “G” é a governança das categorias “E” e “S” — composição e estrutura do conselho corporativo, supervisão, compliance e estratégia sustentável, remuneração executiva, contribuições políticas e lobby e suborno e corrupção. Para o Instituto Brasileiro de Governança Corporativa (IBGC), a governança define o propósito, atribui os papéis e responsabilidades dos conselhos de administração e da diretoria executiva e das demais partes interessadas. Esse sistema quando bem implantado garante a existência de processos e mecanismos adequados para os principais riscos e oportunidades relacionados do ESG. Ou seja, a governança representa a ponte que conecta e viabiliza a inserção da agenda ESG nas instâncias estratégicas e decisórias das organizações. E isso é fundamental para que as ações sejam de longo prazo e não apenas tema “da moda”.

Por não serem regulamentados e devido à diversidade de organizações, os fatores ESG cobrem uma ampla gama de atividades que pode ser relevantes para um tipo de organização, mas não para outro. Por isso que as métricas precisam ser refinadas de acordo com a estratégia, o propósito, o impacto a ser atingido e a clara definição dos stakeholders, ou seja, daqueles que realmente tomam o risco para que a organização seja mantida. Além disso, é necessário que se tenha processos e sistemas eficientes de monitoramento e compliance para que sejam avaliados de forma tempestiva os impactos das atividades, sua efetividade e possíveis ajustes de rota.

Enfim, a agenda social do ESG tem grandes desafios a serem perseguidos e um sistema forte de governança é fundamental para conectar e viabilizar a inserção desse tema de forma perene. Assim sendo, para que haja uma efetiva estratégia que impacte o social, a governança precisa incluir o tema de forma integrada, considerando o propósito, stakeholders, investimentos  necessários, processos claros e bem definidos e sistemas adequados para o fornecimento de informações tempestivas e confiáveis para a tomada de decisão assertiva e direcionada para o longo prazo.

 

Carine Jesus, gerente de controladoria, mestre em controladoria e finanças, especialista em governança corporativa e ativista negra.

 

Referências

Harvard Law School Forum on Corporate Governance “Introduction to ESG” (Agosto, 2020) – Disponível em https://corpgov.law.harvard.edu/2020/08/01/introduction-to-esg/

IBGC – Boas práticas para uma agenda ESG nas organizações – Disponível em https://conhecimento.ibgc.org.br/Paginas/Publicacao.aspx?PubId=24587

Greg Iacurci, “Money moving into environmental funds shatters previous record,” CNBC (Janeiro, 2020) – Disponível em https://www.cnbc.com/2020/01/14/esg-funds-see-record-inflows-in-2019.html

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